Última alteração: 2021-10-09
Resumo
RESUMO
A hanseníase é uma doença negligenciada causada pela bactéria Mycobacterium leprae (M. leprae), que é um patógeno intracelular típico que parasita macrófagos teciduais e células de Schwann de nervos periféricos. Para interromper a cadeia de transmissão e impedir a evento de tais incapacidades neurais, as principais estratégias para combate da hanseníase é o diagnóstico precoce. Assim, o objetivo do presente estudo visa destacar a correta técnica da coloração de Ziehl-Neelsen no diagnóstico de hanseníase. A metodologia utilizada foi a revisão de literatura. Como resultado, tem-se a averiguação de que a coloração usada na para o diagnóstico de hanseníase possui concentrações dos corantes e o descorante diferente da coloração de Ziehl-Neelsen utilizada na tuberculose. Sugere-se que, a correta técnica de coloração é primordial para minimizar falhas na coloração, leitura e diagnóstico, visto que o método é essencial para garantir o diagnóstico.
Palavras-chave: Coloração. Ziehl-Neelsen. Hanseníase.
1 INTRODUÇÃO
A hanseníase é uma doença negligenciada causada pela bactéria Mycobacterium leprae (M. leprae), que é um patógeno intracelular típico que parasita macrófagos teciduais e células de Schwann de nervos periféricos (SANTOS et al., 2011).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2017 foram relatados 210.671 novos casos de hanseníase ao redor do mundo. Em 12.819 pacientes apresentavam algum grau de incapacidade, indicando um índice inquietante de dano neural logo na ocasião do diagnóstico (WHO, 2018).
Para interromper a cadeia de transmissão e impedir a evento de tais incapacidades neurais, responsáveis pelo estigma e elevada morbidade, a principais estratégias para combate da hanseníase na atualmente são o diagnóstico precoce e intervenções imediatas (TALHARI et al., 2017).
O exame de baciloscopia, do raspado dérmico de lesão, lóbulos das orelhas e cotovelos, avalia os índices baciloscópicos e morfológico, através da coloração pelo método de Ziehl-Neelsen, sendo possível diagnosticar um paciente portador do bacilo M. leprae. Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor será o prognóstico do paciente (LASTÓRIA; ABREU, 2012)
Por esse motivo, o objetivo do presente estudo visa destacar a correta técnica da coloração de Ziehl-Neelsen para o diagnóstico de hanseníase.
2 MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia adotada para desenvolvimento foi à revisão de literatura, tendo como fontes bibliográficas analisadas manuais, protocolos, banco de dados e outros instrumentos que se fizeram necessários durante o desenvolvimento deste trabalho. A seleção dos artigos foi criteriosa provendo o autor de informações relevantes acerca do tema proposto. A revisão de literatura oferece meios para levantar não somente problemas já conhecidos nessa área, como também explorar novas orientações nesse campo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Existem algumas dificuldades para eliminar a doença, estão incluídas as limitações no cultivo in vitro de seu agente etiológico, o conhecimento restrito sobre sua transmissão, os efeitos colaterais do tratamento e sua longa duração, além da dificuldade de diagnóstico e classificação dos pacientes (SMITH et al., 2017).
O diagnóstico laboratorial da hanseníase é importante para auxiliar no diagnóstico diferencial com outras doenças dermatoneurológicas, casos suspeitos de recidiva e na classificação para fins de tratamento. Nestes casos, o exame baciloscópico é o método comumente utilizado por ser de fácil execução, pouco invasivo e de baixo custo (TALHARI et al., 2017).
O exame de baciloscopia do raspado dérmico de lesão, lóbulos das orelhas e cotovelos, utilizando a coloração pelo método de Ziehl-Neelsen, avaliando os índices baciloscópico e morfológico. Índice baciloscópico expressa o número de bacilos numa escala logarítmica entre 0 e 6+. Índice morfológico (percentual de bacilos íntegros em relação ao total dos bacilos examinados) verifica viabilidade bacilar. Os íntegros (viáveis) apresentam-se totalmente corados em vermelho. Os fragmentados apresentam pequenas falhas na parede e os granulosos, grandes falhas mostrando, respectivamente, fragmentos ou pontos corados em vermelho. São inviáveis e observados em pacientes tratados (LASTÓRIA; ABREU, 2012)
Como descrito acima, através do exame de baciloscopia, utilizando coloração pelo método de Ziehl-Neelsen é efetivo para o diagnóstico da doença. O método de Ziehl-Neelsen é tradicionalmente usado em laboratórios para o diagnóstico de micobacterioses, inclusive a tuberculose que é causada pelo Mycobacterium tuberculosis (M. tuberculosis).
As diferenças no método de coloração de Ziehl-Neelsen para o diagnóstico da hanseníase e tuberculose verificadas nos manuais do Ministério da Saúde são: a coloração pelo método a frio é para o diagnóstico de hanseníase e a método quente para tuberculose. A concentração da fuscina fenicada é de 1% para patologia de hanseníase e de 0,03% para tuberculose. A solução descorante de álcool-ácido a 3% para diagnóstico de tuberculose e a 1% para hanseníase. A concentração do corante de azul de metileno é de 0,3% para detecção das duas patologias. Nota-se que a existem diferenças nas concentrações de fuscina fenicada e álcool-ácido, a semelhança ocorre no corante de azul de metileno (BRASIL, 2010; BRASIL, 2019)
4 CONCLUSÕES
Conclui-se que a baciloscopia pelo método de Ziehl-Neelsen, pode ser utilizada para o diagnóstico de diferentes micobácterias, incluindo hanseníase, sendo necessária uma correta técnica de coloração para minimizar falhas na coloração, leitura e diagnóstico, visto que o método é essencial para garantir o correto diagnóstico da hanseníase.
5 REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de procedimentos técnicos: baciloscopia em hanseníase. Brasília, 2010. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_procedimentos_tecnicos_corticosteroides_hanseniase.pdf. Acesso em : 11 set. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil, 2019. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/manual-de-recomendacoes-para-o-controle-da-tuberculose-no-brasil. Acesso em: 12 set. 2021.
LASTÓRIA, J. C; ABREU, M. A. M. M. Hanseníase: diagnóstico e tratamento. Diagn. Tratamento, São Paulo, v. 17, n. 4, p. 173-179, out. 2012. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/1413-9979/2012/v17n4/a3329.pdf. Acesso em: 28 agos. 2021.
SANTOS, L. A. C.; FARIA, L.; MENESES, R. F. Contrapontos da história da hanseníase no Brasil: cenários de estigma e confinamento. Revista Brasileira de Estudo de População, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 167–90, jun. 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbepop/a/5sNVw3yHXpNMPMX6bwP5phm/?lang=pt. Acesso em: 04 set. 2021.
SMITH, C. S.; AERTS, A.; SAUNDERSON, P.; KAWUMA, J.; KITA, E.; VIRMOND, M. Multidrug therapy for leprosy: a game changer on the path to elimination. The Lancet. Infectious Diseases, United States, v. 17, n. 9, p. 293-297, set. 2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28693853/. Acesso em: 07 set. 2021.
TALHARI, S. et al. New perspective for the treatment of Hansen's disease. Anais brasileiros de dermatologia, Rio de Janeiro, v. 92, n. 6, p. 760-760, nov./dez. 2017. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5786387/. Acesso em: 12 set. 2021.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global leprosy update, 2017: reducing the disease burden due to leprosy. Weekly epidemiological record, v. 93, n. 35, p. 445–456, ago. 2018. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/274290/WER9335-445-456.pdf. Acesso em: 12 set. 2021.