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INFLUÊNCIA DO MANEJO HÍDRICO NA QUALIDADE DE MUDAS DA PALMEIRA Livistona chinensis
Lucas Bertacini Viégas, André Luiz de Camargo Villalba, Olavo Costa Candolo, Magali Ribeiro Silva

Última alteração: 2016-10-10

Resumo


Lucas Bertacini Viégas1, André Luiz de Camargo Villalba 2, Olavo Costa Candalo3, Magali Ribeiro da Silva 4

1Doutorando em Ciêcia Florestal pela UNESP/FCA – Botucatu, lucasbertacini@yahoo.com.br

2Graduando em Engenharia Florestal pela UNESP/FCA – Botucatu

3Graduando em Engenharia Florestal pela UNESP/FCA – Botucatu

4 Profª Assistente Drª, Departamento de Ciência Florestal pela UNESP/FCA – Botucatu

 

1 INTRODUÇÃO

A espécie Livistona chinensis (Jacq.) R. Br. conhecida popularmente como palmeira-leque-da-china é originária da Ásia, e no Brasil é frequentemente inserida em paisagismos urbanos. Embora muito utilizada, existem poucas informações sobre a produção de mudas desta espécie (LORENZI et al., 2004).

O sucesso de projetos de implantação florestal é altamente dependente da qualidade das mudas (LELES et al., 2006), as quais devem apresentar capacidade de sobreviver em condições adversas e ter desenvolvimento vigoroso pós-plantio (DELIGÖZ, 2011).

A qualidade das mudas pode ser definida pelo manejo hídrico, onde a irrigação é uma das técnicas mais eficientes em gerar lucro pelo aumento da produção, porém tornou-se uma exigência que tais benefícios sejam alcançados utilizando de forma racional os recursos hídricos (SAAD, 2009). Dessa forma, a redução do consumo de água é necessária, mas sem comprometer a qualidade das mudas (TSUKAMOTO FILHO et al., 2013).

Com isso, o objetivo deste experimento foi averiguar a influência de três lâminas de irrigação diária no desenvolvimento de mudas de Livistona chinensis em tubetes.

 

2 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no período de agosto/2015 a junho/2016, em viveiro suspenso e setorizado do Departamento de Ciência Florestal da Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu – UNESP, localizado nas coordenadas 22º51’03’’ de latitude Sul e 48º25’37’’ longitude Oeste, altitude média de 840 m e clima do tipo Cwa, segundo classificação de Köppen, e precipitação média anual de 1.358 mm.

Aplicou-se o delineamento inteiramente ao acaso, sendo testadas três lâminas brutas de irrigação (6, 9 e 12 mm) fracionadas em duas vezes ao dia. Cada tratamento foi composto por 54 plantas.

Foi utilizado tubetes de polietileno com capacidade de 92 cm3. Como suporte foram usadas bandejas planas de polietileno. A ocupação na bandeja gerou uma densidade de 236 mudas por m2.

O substrato usado foi um produto comercial constituído por turfa de Sphagnum, vermiculita e casca de arroz carbonizada na proporção 2:1:1 (base volume).

As sementes foram coletadas na fazenda Lageado, em Botucatu. Após beneficiadas, foram colocadas para germinar em caixas plásticas com o mesmo substrato.

Quando as plântulas apresentavam em média 6,0 cm de altura foram transplantadas para os tubetes de polietileno, permanecendo quatro semanas em casa de vegetação, e em seguida alocadas em canteiros suspensos (tipo mini túnel) cobertos com plástico difusor de luz, para controle da precipitação. Foi usado sistema de irrigação por microaspersão com vazão de bocal de 200 L h-1, acionado automaticamente.

Durante este período, as adubações de crescimento foram realizadas duas vezes por semana, com uma lâmina bruta de 4 mm de solução nutritiva aplicada via fertirrigação em todos os tratamentos. A solução de crescimento foi composta pelos fertilizantes monoamôniofosfato purificado, sulfato de magnésio, nitrato de potássio, nitrato de cálcio e uréia nas concentrações de 488; 155,4; 328,1; 312; 72,2 e 98,8 mg L-1 de N, P, K, Ca, Mg e S, respectivamente e a solução de micronutrientes, por ácido bórico, molibdato de sódio e sulfatos de manganês, zinco, cobre e ferro nas concentrações de 3; 3,9; 1,2; 0,6; 0,3 e 48 mg L-1 de B, Mn, Zn, Cu, Mo e Fe, respectivamente.

A avaliação do desenvolvimento e qualidade das mudas ao final dos experimentos foi constituída por: altura da parte aérea (H), diâmetro de colo (D), massas secas da parte aérea (MSA) e radicular (MSR). Foram calculadas a massa seca total (MST), a relação altura/diâmetro (H/D) e o Índice de Qualidade de Dickson (IQD).

Os dados foram submetidos ao teste de normalidade, em seguida, à análise de variância e, nos casos em que houve diferenças significativas, realizou-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade para comparação das médias.

 

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aos 286 após transplante, as mudas de Livistona chinensis de todos os tratamentos estavam aptas para o plantio.

O desenvolvimento das mudas durante a fase de viveiro não apresentaram influência do manejo hídrico aplicado, ou seja, as três lâminas de irrigação foram similares entre si para todas as variáveis (Tabela 1).

 

Tabela 1. Efeito do manejo de irrigação nas variáveis morfológicas das mudas aos 286

após transplante.

 

Lâmina

(mm)

H

(cm)

D

(mm)

H/D

MSA

(g)

MSR

(g)

MST

(g)

IQD

6

15,3 a

16,02 a

0,98 a

9,42 a

1,08 a

9,42 a

1,08 a

9

15,6 a

16,31 a

0,99 a

6,85 a

0,73 a

7,26 a

0,73 a

12

14,9 a

15,25 a

1,02 a

7,70 a

1,15 a

8,25 a

1,18 a

CV (%)

20,0

18,0

25,7

19,4

31,1

2,8

30,8

Médias seguidas por letras minúsculas iguais na coluna, dentro da mesma variável, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p < 0,05). H – altura, D – diâmetro de colo, MSA – massa seca aérea, MSR – massa seca radicular, MST – massa seca total, IQD – índice de qualidade de Dickson.

 

Como os estudos sobre a produção de mudas de palmeiras em tubetes é incipiente, neste experimento pode-se observar que no desenvolvimento inicial em fase de viveiro esta espécie não exige grande quantidade de água aplicada via irrigação, dessa forma, há uma economia tanto no uso da água como nos custos de produção. De acordo com Fox e Montague (2009), o maior crescimento das plantas geralmente não está associado à elevada quantidade de água de irrigação aplicada, sendo que, esta poderia ser economizada durante o crescimento das mudas em recipientes. Tsukamoto Filho et al., (2013) relatam que a redução do consumo de água é necessária, mas sem comprometer a qualidade das mudas.

Segundo Montague e Kjelgren (2006), o conhecimento da irrigação adequada acarreta no melhor uso dos nutrientes para as mudas, assim como inibi a proliferação de doenças. Dessa forma, a constante pressão pela melhoria das práticas de manejo hídrico e as restrições do uso da água tendem a buscar o desenvolvimento de pesquisas de conservação da água, consideradas fundamentais para a sustentabilidade do viveiro (MATHERS et al., 2005; TAYLOR et al., 2006).

Com isso, o objetivo dos sistemas de irrigação em recipientes é proporcionar quantidade de água adequada para mudas, em que, uma irrigação excessiva ou deficitária pode ocasionar consequências negativas (MONTAGUE; KJELGREN, 2006). O excesso de água pode levar à lixiviação dos nutrientes, afetando a qualidade ambiental e aumentando os custos de produção, enquanto o déficit hídrico pode resultar em baixo crescimento e morte das mudas (BAUERLE et al., 2002; MONTAGUE; KJELGREN, 2006). Assim, diante das necessidades hídricas das plantas, a irrigação adequada visa a qualidade das mudas, em menor tempo de produção e maior retorno econômico (MORAIS et al., 2012).

 

4 CONCLUSÕES

A lâmina de irrigação diária mais adequada para produzir mudas de palmeira Livistona chinensis em tubetes foi de 6 mm.

 

5 REFERÊNCIAS

BAUERLE, W. L.; POST, C. J; McLEOD, M. F.; DUDLEY, J. B.; TOLER, J. E. Measurement and modeling of the transpiration of a temperate red maple container nursery. Agricultural and Forest Meteorology, v. 114, n. 1, p. 45-57, 2002.

 

DELİGÖZ, A. Seasonal changes in the physiological characteristics of Anatolian black pine and the effect on seedling quality. Turk J Agric For, v. 35, p.23-30, 2011.

 

FOX, L.; MONTAGUE, T. Influence of irrigation regime on growth of select field-grown tree species in a semi-arid climate. Journal of Environmental Horticulture, v. 27, n. 3, p. 134- 138, 2009.

 

LELES, P.S.dos S.; LISBOA, A.C.; OLIVEIRA NETO, S.N. de; GRUGIKI, M.A.; FERREIRA, M.A. Qualidade de mudas de quatro espécies florestais produzidas em diferentes tubetes. Floresta e Ambiente, v.13, n.1, p. 69 - 78, 2006.

 

LORENZI, H.; SOUZA, H.M. de; COSTA, J..T.M.; CERQUEIRA, L.S.C. de; FERREIRA, E. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2004 416p.

 

MATHERS, H. M.; YEAGER, T. H.; CASE, L. T. Improving irrigation water use in container nurseries. HortTechnology, v. 15, n. 1, p. 8-12, 2005.

 

MONTAGUE, T.; KJELGREN, R. Use of thermal dissipation probes to estimate water loss of containerized landscape trees. J. Env. Hort., v.24, n.2, p. 95- 104, 2006.

 

MORAIS, W. W. C.; SUSIN, F.; VIVIAN, M. A.; ARAÚJO, M. M. Influência da irrigação no crescimento de mudas de Schinus terebinthifolius. Pesquisa Florestal Brasileira, v. 32, n. 69, p. 23-28, 2012.

 

SAAD, J.C.C. Fundamentos e critérios para o manejo da irrigação. In: SALOMÃO, L.C.; SANCHES, L.V.C. SAAD, J.C.C.; BÔAS, R.L.V. Manejo de irrigação: um guia prático para o uso racional da água. Botucatu: FEPAF, 2009, capítulo 1, p. 1-13.

 

TAYLOR, M. D.; WHITE, S. A; CHANDLER, S. L.; KLAINE, S. J.; WHITWELL, T. Nutrient management of nursery runoff water using constructed wetland systems. HortTechnology, v. 16, n. 4, p. 610-614, 2006.

 

TSUKAMOTO FILHO, A.A.; CARVALHO, J.L.O.; COSTA, R.B.; DALMOLIN, A.C.; BRONDANI,G.E. Regime de regas e cobertura de substrato afetam o crescimento inicial de mudas de Myracrodruon urundeuva. Floresta e Ambiente, Seropédica/RJ, v.20, n.4, p. 521-529, 2013.

 


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