Jornacitec Botucatu, VI JORNACITEC - Jornada Científica e Tecnológica

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A ULTRASSONOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DO ADENOCARCINOMA PROSTÁTICO CANINO
Fernanda Michelon, Dhyego Thomazoni, Jeana Pereira da Silva, Rodrigo Thiago Scur Santana, Dayane Hamerski Cordeiro Honjo, Maria Jaqueline Mamprim

Última alteração: 2017-10-09

Resumo


RESUMO: A neoplasia prostática canina é uma condição rara que acomete cerca de 6% dos pacientes que apresentam alterações neste órgão (MEMON, 2007). Neste grupo, o adenocarcinoma é o mais comum (SMITH, 2008), acometendo principalmente cães de meia-idade a idosos, e ao contrário das demais patologias prostáticas, apresenta maior incidência em pacientes castrados (BRYAN et al, 2007). O diagnóstico clínico é difícil devido à inespecificidade dos sinais da doença prostática, que envolvem alterações urinárias (hematúria, disúria e incontinência urinária) e gastrointestinais como tenesmo, constipação e fezes afiladas (LEROY e NORTHREP, 2009). Por apresentar características agressivas, sendo localmente invasivo e com grande potencial metastático, o diagnóstico precoce do adenocarcinoma prostático é de suma importância no prognóstico clínico (SMITH, 2008; LEROY e NORTHREP, 2009). O presente relato de caso tem como objetivo demonstrar a relevância do exame ultrassonográfico e os aspectos da imagem no diagnóstico do adenocarcinoma prostático canino. Foi atendido um cão, macho, de um ano e seis meses de idade, sem raça definida e de pequeno porte, apresentando disúria e disquesia. Ao exame físico não foram encontradas alterações. Como exames complementares foram realizados o hemograma e a análise da bioquímica sérica, estando dentro dos padrões de normalidade, a ultrassonografia e posteriormente a análise histológica. No primeiro exame ultrassonográfico detectou-se aumento do tamanho prostático (3,3x2,5cm), heterogeneidade difusa do parênquima com presença de pequenas áreas de aspecto cístico e mineralizadas em permeio (Imagem 1), indicando processo inflamatório/infeccioso como primeira suspeita devido à idade do paciente, e neoplásico como diferencial. Com o resultado, foi receitado o uso de prednisolona, antibioticoterabia baseada na combinação de sulfadimetoxina e ormetoprim e óleo mineral durante 12 dias. Porém, sem evidente melhora clínica, o paciente retornou um mês após o primeiro atendimento para uma nova avaliação ultrassonográfica. No exame controle, observou-se discreto aumento da prostatomegalia (3,9x3,2cm) e da heterogeneidade do parênquima já relatadas (Figura 2). Foram observadas alterações em linfonodo ilíaco interno, que apresentou ecogenicidade diminuída e textura heterogênea, além de uma área circunscrita hipoecoica no baço medindo cerca de 1cm de diâmetro. Esses achados reforçaram a suspeita de processo neoplásico, uma vez que o tratamento com antibioticoterapia não resultou em melhora clínica e os achados supracitados não foram visualizados no primeiro exame. Devido às alterações encontradas, a avaliação histopatológica através da biópsia da próstata foi realizada, confirmando-se o diagnóstico de adenocarcinoma. Embora o presente relato de caso corrobora com a literatura quanto à manifestação clínica apresentada (disúria e disquesia) e ao histórico de castração prévia, a idade do paciente chama a atenção por estar muito aquém do relatado por Bryan (2007), que cita cães entre meia-idade a idosos como os mais acometidos por esta patologia. Os achados ultrassonográficos também estão de acordo com o descrito pela literatura, que relata a prostatomegalia associada ao seu contorno irregular e ecogenicidade mista como principais achados, sendo que a presença de mineralização em seu interior e acometimento de linfonodos regionais são indicativos de malignidade (SMITH, 2008; LEROY e NORTHREP, 2009; BRADBURY et al, 2009). O presente relato de caso demonstra a importância da avaliação ultrassonográfica no diagnóstico precoce do adenocarcinoma canino.


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