Jornacitec Botucatu, VI JORNACITEC - Jornada Científica e Tecnológica

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Avaliação Radiotomográfica da Aspergilose Nasal Canina
Fernanda Michelon, Jeana Pereira da Silva, Carmel Rezende Dadalto, Talita Catherine Eising, Maria Jaqueline Mamprim

Última alteração: 2017-10-05

Resumo


A aspergilose, doença causada pelo fungo saprótico Aspergillus fumigatus, é uma das principais causas de descarga nasal crônica em cães (BENITAH, 2006). O diagnóstico presuntivo é realizado por exames de imagem como a radiografia, rinoscopia, tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética, sendo que as duas últimas técnicas possuem maior sensibilidade que a radiografia na avaliação de sinais sugestivos de aspergilose nasal (SAUNDERS & VAN BREE, 2003; SAUNDERS et al., 2004). O diagnóstico definitivo é realizado através da análise cito/histopatológica do tecido afetado (BENITAH, 2006).  As principais alterações encontradas no exame de imagem são: perda da simetria nasal, destruição dos ossos turbinados, vomer e septo nasal, presença de conteúdo de densidade de tecidos moles na cavidade nasal, espessamento da mucosa dos seios frontais, recesso maxilar e da própria cavidade nasal, além de hiperostose e lise óssea de graus variáveis (SAUNDERS et al., 2002, 2004; SAUNDERS & VAN BREE, 2003; BENITAH, 2006). O presente relato de caso tem como objetivo demonstrar a importância dos exames de imagem no diagnóstico da aspergilose nasal canina. Foi atendido um cão, fêmea, de porte médio, de oito anos de idade e sem raça definida apresentando secreção nasal esbranquiçada unilateral esquerda há um mês, evoluindo para epistaxe. No hemograma completo foi observado discreta leucocitose. O exame radiográfico identificou opacificação de cavidade nasal bilateral, mais evidente no aspecto caudal do lado esquerdo onde também havia uma área arredondada de radiopacidade mineral, medindo cerca de 0,9cm de diâmetro, visualizada apenas na projeção lateral  (Figura 1). As imagens de TC revelaram assimetria da cavidade nasal, presença de material de densidade fluida e predominantemente de tecidos moles (~10,00HU a 80,00HU) no aspecto mediocaudal da cavidade nasal bilateral, estando em maior quantidade na esquerda, onde também existiam diversos focos de mineralização em permeio, o maior medindo cerca de 1,20cm (laterolateral) x 0,8cm (dorsoventral) x 1,45cm (craniocaudal). Após a administração de contraste intravenoso, observou-se intenso realce difuso heterogêneo do material supracitado. Havia também osteólise na porção caudal do osso vômer, palato duro, ossos nasal e maxilar esquerdo e perda do detalhamento do septo nasal em sua porção rostral,  associado ao enfisema e aumento de volume de tecidos moles adjacentes (Figura 2). O exame histopatológico permitiu a identificação de rinite piogranulomatosa difusa grave com presença de hifas, sendo compatível com aspergilose. O presente relato de caso corrobora com a literatura quanto às alterações de imagem descritas pelos autores Saunders et al. (2002; 2004), Saunders e Van Bree (2003) e Benitah (2006), que citam a osteólise dos ossos turbinados e adjacentes, e conteúdo de densidade de tecidos moles na cavidade nasal como os principais achados. Conforme os autores Saunders e Van Bree (2003), a TC apresentou maior sensibilidade diagnóstica do que a radiografia por possibilitar avaliação da cavidade nasal sem a sobreposição de estruturas. Conclui-se que os exames de imagem são imprescindíveis para caracterização e extensão da lesão, detecção de lise óssea e se há ou não envolvimento das estruturas adjacentes em casos de aspergilose nasal canina.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENITAH, N. Canine Nasal Aspergillosis. Clinical Techniques in Small Animal Practice, v.21, p.82-88, 2006.

 

SAUNDERS, J. H.; VAN BREE, H. Comparison of radiography and computed tomography for the diagnosis of canine nasal aspergillosis. Veterinary Radiology and Ultrasound, v.44, p.414-419, 2003.

 

SAUNDERS, J. H. et al. Radiographic, magnetic resonance imaging, computed tomographic, and rhinoscopic features of nasal aspergillosis in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.11, p.1217-1221, 2004.

 

SAUNDERS, J. H. et al. Computed tomographic findings in 35 dogs with nasal aspergillosis. Veterinary Radiology and Ultrasound, v.43, p.5-9, 2002.

 

SAUNDERS, J. H. et al. Radiographic, magnetic resonance imaging, computed tomographic, and rhinoscopic features of nasal aspergillosis in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.225, p.1703–1712, 2004.


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