O novo Coronavírus (Sars-Cov-2) impôs uma situação inédita no último século devido à importância do distanciamento social para evitar o contágio e possível colapso dos sistemas de saúde. Apesar de isso não ter ocorrido em nível Federal, houve decreto de quarentena em nível municipal e estadual no Brasil, o que ocasionou a instituição de home office para atividades consideradas como não essenciais, aumento do desemprego, suspensão de aulas, utilização de tecnologias para aulas remotas e ensino à distância, dentre outros. Esta situação fez com que repentinamente as crianças e seus responsáveis passassem a conviver por mais tempo, sem que estes últimos estivessem necessariamente dispensados de suas atividades laborais. O acesso de crianças à tecnologias digitais tem se tornado cada vez mais frequente, e neste cenário em que sair de casa é quase que sinônimo de exposição ao vírus, os momentos na escola, na creche, no parque, no shopping, no cinema, podem ter sido substituídos por horas em frente à televisão e aos dispositivos móveis. Não é de hoje que brinquedos compartilham espaço com dispositivos como tablets e smartphones, pois as crianças estão ativamente inseridas neste novo contexto tecnológico (NETO et al., 2017).  A influência de aplicativos móveis na formação e desenvolvimento das crianças tem sido objeto de estudo já há algum tempo. Ainda segundo Melo et al. (2014) “Tem sido recorrente, nas escolas que atuamos ouvir pais entusiasmados alegando que as crianças ficam “menos agitadas” e “distraídas” ao utilizarem os dispositivos e muitos deles acreditam que alguns dos aplicativos ditos “educativos” (especialmente os direcionados para bebês) promovem, segundo seus anúncios, o desenvolvimento da linguagem, do raciocínio lógico, da matemática, da motricidade, sem qualquer indício que comprove tais feitos”. Considerando a alegada crença dos pais nos efeitos benéficos destes aplicativos tanto para as crianças quanto para si mesmos, não é surpreendente que durante a pandemia de COVID-19 o download das aplicações tenha aumentado. Segundo Mota (2020), o download de aplicativos do Google Play aumentou 30% entre fevereiro e março de 2020. O objetivo deste trabalho é analisar o impacto do distanciamento social no uso de aplicativos móveis por crianças, bem como investigar os hábitos das crianças enquanto usuários. Será realizada uma pesquisa de campo, na qual será utilizado o método quantitativo, com a coleta de dados realizada através de questionário com pais de crianças de até 12 anos, com o intuito de levantar o perfil dos usuários, seus responsáveis, tipos de tecnologias utilizadas, evidenciar benefícios e prejuízos percebidos pelos pais e propor tipos de aplicativos educativos para cada faixa etária.