Jornacitec Botucatu, IX JORNACITEC - Jornada Científica e Tecnológica

Tamanho da fonte: 
DA BANCADA AO CAMPO: APLICAÇÃO DE RESÍDUOS DO PROCESSAMENTO DE UVA EM BIOSOLARIZAÇÃO NO CAMPO
Juliano Toniato, Bruna Paviani, João Pedro Ferreira Assunção, Christopher Simmons

Última alteração: 2020-10-08

Resumo


Muitos estudos provaram que a biosolarização é um método de desinfecção do solo, pré-plantio, que satisfaz todos os requisitos de sustentabilidade e é compatível com a agricultura orgânica. Nosso laboratório da Universidade da California, Davis, já provou que o processo é eficaz na eliminação de patógenos, nematódeos e ervas daninhas por combinar estresses da solarização (hipóxia e aquecimento solar) com os metabolitos produzidos durante a digestão dos resíduos da indústria alimentícia (digestão anaeróbica)(SHEA et al., [s.d.]). Mais especificamente, a fermentação da matéria orgânica produz compostos (ácidos graxos voláteis) que atuam juntamente com a temperatura na inativação de compostos deletérios às plantas e, como será discutido a seguir, contra patógenos humanos. Nossos trabalhos anteriores mostraram que a adição de casca de tomate ao solo durante a biosolarizacao promove condições (pH e a acumulação de ácidos graxos) que inativam >95% de sementes de Brassica nigra e Solanum nigrum(ACHMON et al., 2016). Semelhantemente, os últimos experimentos em laboratório mostraram que o uso de bagaço de uva branca promove tais condições além de ser capaz de inativar totalmente uma cepa de Escherichia coli (TVS 354)(TOMÁS-CALLEJAS et al., 2011) usada como substituta da E.coli  h157:o7. Esse resumo tem por objetivo comparar os resultados obtidos no laboratório da inativação de E.coli aos de um experimento de campo realizados por oito dias durante o verão de 2018 na fazenda experimental do departamento de fitopatologia da UC Davis, utilizando bagaço de uva branca. Em todos os experimentos e controles foram utilizados o mesmo solo, bagaço de uva, inóculo inicial e demais condições. O bagaço da uva foi adicionado na concentração de 2.5% (w/w seco), adicionado de inóculo e  biosolarizadas por oito dias. Após esse período, o número de UFCs foi obtido por plaqueamento e a redução foi obtida comparando ao log das UFCs das amostras com o solo controle (sem bagaco de uva e sem anaerobiose). Em todos os experimentos foi usada a técnica de mesocosmos para garantir que todas as células fossem recuperadas. O desenho experimental e preparo do campo seguiu as diretrizes descritas por ACHMON et al., 2017. Foram analisados três profundidas no campo (0.2, 7 e 14 cm) e 9 repetições. No laboratório foram realizadas 6 repetições e as amostras foram biosolarizadas no escuro em uma incubadora programada com ciclos de 12 h/30ºC e 12h/50ºC. Os resultados de laboratório revelaram inativação total das células de E.coli. No campo, não foram encontradas células nas profundidades de 7 e 14 cm, curiosamente, foram obtidos células próximas ao topo. A hipótese atual postula que a principal razão e a radiação eletromagnética causando fotoxidacao dos bioativos antimicrobianos da uva.


Texto completo: PDF